A ilustração de um cérerbro na cor roxa, para explicar conceitos de neuromarketing e neurodesign.

Neurociência no design: explicações da ciência

Tempo estimado de leitura: 5 minutos 😉

Entenda como a ciência explica o impacto visual do design e por que isso importa para todos.

Você já parou para pensar por que certas imagens, cores ou fontes tipográficas nos atraem mais do que outras? Ou por que um layout de site parece mais intuitivo e agradável de navegar?

A resposta pode estar no Neurodesign, um campo fascinante que aplica descobertas da neurociência e da psicologia para criar designs mais eficazes e impactantes. Embora o termo “Neuromarketing” seja mais comum no Brasil, “Neurodesign” captura melhor a essência de como nosso cérebro reage aos estímulos visuais.  

Neste post, vamos explorar o que é Neurodesign, por que ele é mais relevante do que nunca na era digital e como decisões de design aparentemente simples podem ter efeitos profundos na percepção e no comportamento do público.

Aqui você encontra os principais temas que serão discutidos:

O que é neurodesign e neuroestética?

Neurodesign não é apenas sobre criar coisas bonitas; é sobre entender a ciência por trás da percepção visual e da tomada de decisão. Ele se baseia em campos como a neuroestética, que estuda especificamente como nosso cérebro reage, favorável ou desfavoravelmente, às imagens que vemos.

Nossos cérebros são máquinas visuais. Evoluímos para processar imagens rapidamente, muito antes de desenvolvermos a linguagem escrita. O sentido da visão ocupa uma vasta porção do nosso cérebro. Por isso, decodificamos imagens com facilidade e rapidez, absorvendo significados quase instantaneamente. Isso explica por que:  

  • Artigos com boas imagens recebem mais visualizações.  
  • Posts com imagens em redes sociais são mais compartilhados.  
  • Pessoas são 80% mais propensas a ler conteúdo com imagens coloridas.  
  • Infográficos geram 3 vezes mais engajamento em mídias sociais.  
  • Instruções com imagens são seguidas 3 vezes mais corretamente.  

O Neurodesign busca aplicar esse conhecimento para criar experiências – seja em um site, um logotipo, uma embalagem ou um anúncio – que se conectem com o usuário em um nível mais profundo, muitas vezes inconsciente.  

Uma longa história: a investigação da percepção visual

Embora o termo “Neurodesign” seja relativamente recente, a investigação sobre como percebemos e reagimos a estímulos visuais não é nova. Já no século XIX, psicólogos como Gustav Fechner exploravam a estética experimental, usando métodos científicos para entender o que as pessoas acham belo e atraente. Fechner estudou como fatores como tamanho e forma em pinturas influenciavam o observador.  

A neurociência moderna, com ferramentas como a ressonância magnética funcional (fMRI), permitiu avanços significativos na compreensão das bases neurais da percepção estética e da atenção. Entendemos melhor como nosso cérebro processa padrões, simetria, contraste e como esses elementos influenciam nossa atenção e preferência.  

Por exemplo, a preferência por simetria pode ter raízes evolutivas, indicando a presença de algo biológico (potencial presa ou predador) em ambientes primitivos. O princípio MAYA (Most Advanced Yet Acceptable) de Raymond Loewy sugere que preferimos designs que são inovadores, mas ainda familiares e fáceis de processar.

Isso se relaciona com a fluência de processamento: quanto mais fácil nosso cérebro processa algo, mais agradável parece. Designs complexos ou confusos aumentam a carga cognitiva, o que geralmente leva à rejeição.  

A democratização do design e seus desafios

Vivemos em uma era onde as ferramentas de design se tornaram incrivelmente acessíveis. Aplicativos de smartphone permitem aplicar filtros e efeitos complexos com poucos cliques, algo antes restrito a profissionais com softwares caros. Plataformas de criação de sites, ferramentas de edição de imagem e vídeo online e templates prontos colocaram o poder do design nas mãos de muito mais pessoas.

Um smartphone sobre uma superfície de madeira com o app Canva aberto na tela.
O Canva é um dos aplicativos mais conhecidos e acessíveis para fazer design.

Essa democratização do design é fantástica por um lado, permitindo que pequenas empresas, empreendedores e indivíduos criem materiais visuais com mais facilidade. No entanto, ela também traz um desafio significativo: muitas pessoas agora praticam design sem um entendimento profundo dos princípios subjacentes e dos efeitos que suas escolhas podem ter.

A escolha de uma cor, de uma fonte tipográfica, da disposição dos elementos em uma página (composição) não é meramente estética. Cada decisão envia sinais ao cérebro do espectador, influenciando:

  • Atenção: Cores vibrantes, contraste e movimento (mesmo implícito) capturam a atenção.  
  • Emoção: Cores, formas e, especialmente, imagens de rostos evocam respostas emocionais rápidas. Rostos maiores são mais eficazes para engajamento emocional.  
  • Percepção de valor e confiança: Designs bem-executados e esteticamente agradáveis podem aumentar a percepção de qualidade, profissionalismo e confiabilidade (o efeito halo). Julgamentos sobre um site podem ser feitos em menos de 0,05 segundos.  
  • Usabilidade e compreensão: Um design claro, intuitivo e com boa fluência de processamento facilita a compreensão e o uso. Instruções claras ou, idealmente, designs que dispensam instruções, são cruciais. A dificuldade de leitura na tela é maior que no papel.  
  • Tomada de decisão: O design influencia sutilmente nossas escolhas, desde em qual link clicar até qual produto comprar. A forma como a informação é apresentada (framing) e a aversão à perda são fatores importantes.  

Por que o neurodesign é fundamental hoje?

Na atual economia da atenção, onde somos bombardeados por informações, capturar e reter o interesse do usuário é um desafio imenso. As pessoas têm menos tempo e paciência para decifrar mensagens confusas ou navegar em interfaces complexas. Nesse cenário:  

  1. A primeira impressão é (quase) tudo: Julgamentos rápidos e inconscientes sobre um design determinam se o usuário se aprofunda ou abandona.  
  2. A intuição domina: Quanto maior a sobrecarga de informação, mais confiamos em nossa mente intuitiva e emocional (Sistema 1) em vez da racional (Sistema 2). O design apela diretamente a essa intuição.  
  3. Diferenciação pela experiência: Em mercados onde produtos e serviços são funcionalmente similares, o design e a experiência do usuário se tornam diferenciais competitivos cruciais.  
  4. Otimização é necessária: Entender os princípios do Neurodesign permite otimizar conscientemente landing pages, anúncios, interfaces e conteúdos para obter melhores resultados (taxas de conversão, engajamento, etc.).  
Macbook com tela do Figma aberta em um projeto de design.
Figma: um dos principais softwares para projetos de design para sites e aplicativos.

Ignorar os princípios do Neurodesign é como navegar sem bússola. Você pode até chegar a algum lugar, mas provavelmente não será o destino ideal e a jornada será mais difícil. Profissionais de marketing, designers, desenvolvedores e criadores de conteúdo precisam, mais do que nunca, entender como suas criações interagem com a mente humana.

Você pode aprender muito mais sobre este tema no livro do Darren Bridger — Neuromarketing: como a neurociência aliada ao design pode aumentar o engajamento e a influência sobre os consumidores.

Design para um mundo complexo

O Neurodesign nos oferece um conjunto de ferramentas e conhecimentos para criar designs mais eficazes, éticos e centrados no ser humano. Ele nos lembra que design não é apenas sobre estética, mas sobre comunicação, psicologia e neurociência.  

Com a democratização das ferramentas, a responsabilidade de usar o design de forma consciente aumenta. Não basta criar algo visualmente agradável; é preciso entender por que funciona e quais efeitos pode gerar. Seja você um designer experiente ou alguém que apenas utiliza ferramentas de design ocasionalmente, compreender os fundamentos do Neurodesign pode transformar a forma como você se comunica visualmente e potencializar o impacto de suas criações.  

Na Afterpix, acreditamos no poder do design inteligente e estratégico. Incorporar os princípios do Neurodesign em nosso trabalho nos permite criar soluções que não apenas parecem boas, mas que realmente ressoam com o público e alcançam os objetivos de nossos clientes.

E você, já pensou sobre como o design afeta suas percepções e decisões? Compartilhe suas ideias nos comentários!

Mateus Oliveira

Bacharel em Publicidade e Propaganda, Designer e Especialista em Comunicação Empresarial e Relações Públicas pela USP. Atua na área de marketing desde 2004, já passou por diversas agências e departamentos de marketing e é apaixonado por educação. Professor de pós-graduação e curso técnico nas disciplinas de pesquisa de mercado, comportamento do consumidor e design de logotipo. Mora em Mogi das Cruzes, SP e trabalha na Afterpix desde 2019.

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